terça-feira, 25 de agosto de 2009

Do dia a dia...




"A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
E é difícil explicar a alguém o quanto isso me alegra,
E o quanto isso me basta"


[ainda Fernando Pessoa]

De Deveres








Eu tenho uma espécie de dever,
de dever de sonhar,
de sonhar sempre,
pois sendo mais do que
uma espectadora de mim mesma,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.


E assim me construo a ouro e sedas,
em salas supostas, invento palco, cenário,
para viver o meu sonho
entre luzes brandas
e músicas invisíveis.


(Livro do Desassossego - Fernando Pessoa)

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Da arte





A arte é a expressão mais antiga do ser humano.
Antes de falar o homem dançou.
Atraves do seu gestual transformou seus sentimentos em expressão.

Ao olharmos a arte com distanciamento histórico, podemos entender o nosso modo de vida.
Isso é cultura.

Sentimos necessidade de nos renovar constantemente.
Isso é nato no ser humano... a sua própria reinvenção.
Sem criarmos, não chegamos a lugar nenhum.
Sem o fazer, não realizamos aquilo que vai no fundo de nossas almas.
Então a arte é o ofício do artifice com a imaginação do criador. Tomamos a palavra "criador"
para Daquele que, para muitos dá sentido à tudo.
É o início e o fim, alfa e ômega. Então, criar é acumular a potência dos deuses!

Por que uma pessoa cria? Para quem ela o faz?
E por que além de fazer, ela faz com arte, maestria e engenho?
Para que se comunicar? Para que ser diferente?

Porque busca referenciar com símbolos, ícones, índices- o seu sentimento com o resto do mundo?

-É na criação que o artista exibe o seu olhar sobre o mundo.

Afinal, pensar não é existir?
















August Rodim e Marc Chagal

Casa Fiat de Cultura - Belo Horizonte, MG

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

De frutos ao chão






Passamos pelas coisas sem as ver, gastos, como animais envelhecidos:se alguém chama por nós não respondemos, se alguém nos pede amor não estremecemos, como frutos de sombra sem sabor, vamos caindo ao chão, quase apodrecidos...

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Um gosto de vinho na boca e um coração apertado pelas batidas que não consegue controlar.

Não lembro exatamente quanto tempo passei adormecida, imersa em sentimentos tão profundos, que nem eu era capaz de alcançá-los. Corro desesperadamente das lembranças que trazem teu cheiro. Do teu toque que me cala a alma e dos teus beijos que me roubam as palavras - ficaram os sonhos a me embalar na noite em espera. E se minto tão descaradamente aos teus olhos, é para que não percebas que eu me perdi na nossa própria e inocente brincadeira. Não quero que leia nos meus olhos o reflexo do nosso maior erro: o de atravessar a pequena linha que nos separava.

Quero que continues em mim não somente como a fé nos desesperados, mas como a descrença nos que em nada acreditam e nada esperam.

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Desejo que um dia me perdoes, mas não posso calar isso que rasga e atravessa o meu peito.
Vivo em escuridão da alma, e o coração pulsando sôfrego pelas futuras batidas que não podem parar.

Clarice Lispector

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Do amor e suas traduções












"amor", em latim, é uma palavra composta pelo prefixo de negação "a"(significa "sem") e pelo substantivo "mors" (que significa "morte").




Assim, "amor" tem o sentido de "sem morte" ou imortalidade.





Até nos esquecermos que o tempo passa quando estamos juntos.




Não é todos os dias que se encontra uma coisa destas...





terça-feira, 11 de agosto de 2009

De amores puros



...Claro que não poderia deixar de contar que ele ta correndo de novo a grama toda, atraz dos meninos que passam na rua na volta da escola,
que late de felicidade quando qualquer de nós chega e desce do carro,
que lê comigo o Estado de Minas de manhã antes de eu ir trabalhar, que não pode ver uma pipa voar solta no céu que late e pula pro alto como se pudesse alcançá-la...

...e é claro que eu me sinto feliz só por ele existir e inundar minha vida de alegria com essa presença que nada cobra, nada pede, só a minha
companhia e cumplicidade nas horas boas ou não, dias de chuva ou de sol...

...e nessa linguagem quase perfeita e sem palavras (porque quase sempre as usamos em vão)
é que percebo a festa dos sentidos, dos olhares, do toque, do cheiro, traduzindo cumplicidade
e parceria, silencio e lealdade... sem promessas, sem enganos, sem falseios, só amor...
...o mais simples e puro amor!!!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

De pescadores, de ilusões...


Moço, peço licença
Eu sou novo aqui
Não tenho trabalho, nem passe, eu sou novo aqui
Não tenho trabalho, nem classe, eu sou novo aqui

Eu tenho fé
Que um dia vai ouvir falar de um cara que era só um Zé
Não é noticiário de jornal, não é


Sou quase um cara
Não tenho cor, nem padrinho
Nasci no mundo, sou sozinho
Não tenho pressa, não tenho plano, Não tenho dono

Tentei ser crente
Mas, meu Cristo é diferente
A Sombra Dele é sem Cruz, dele é sem Cruz
No meio Daquela Luz, Daquela Luz

E eu voltei pro mundo aqui embaixo
Minha vida corre plena
Comecei errado, mas hoje eu tô ciente
Tô tentando se possível zerar do começo e repetir o play

Não me escoro em outro e nem cachaça
O que fiz tinha muita procedência
Eu me seguro em minha palavra
É minha mão e minha lavra.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

De vazios




Então, ao vazio
Então, ao silencio.

"Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro, o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui, eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou porta bandeira de mim
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular..."

Infinito particular - Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos Brown





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— Abraça tua loucura antes que seja tarde demais —


Para olhá-lo, também eu precisava de certa loucura. Essa, que me indicava. A mesma a que me tenho negado em susto, movendo-me pelos labirintos coloridos desses interiores sempre previstos, embora absurdos. Não havia sol naquela tarde, nem cores caindo sobre os objetos. Eu não estava distraída nem tinha disfarce algum quando ele me olhou. Ele não tinha nenhum disfarce quando eu o olhei.

C.F.A

sábado, 1 de agosto de 2009

Sobre anjos












Hoje eu não consigo falar nem pensar
nada que não sejam eles...

Eu não suporto ver essas criaturinhas
que eu amo tanto sofrerem por motivo algum...

E um desses aí é o Dódi dos nove da cria da minha cachorra Magh ficou doente a uns tres dias...

Ele já ta enorme, já lê até o Estado de Minas... olha essa foto aí em cima...

Eu queria poder entrar dentro dele
e perguntar onde é que dói...

Trocar de lugar com ele que não sabe falar, não sabe reclamar nem dizer aonde é a dor

Já estamos no terceiro dia de cabeça baixa, antibióticos e injeções, mas nada de te ver correr atras de mim e dos meninos na grama,
latir como louco quando vê alguma pipa voar solta no céu...

Tudo aqui só tem alegria com eles e a amizade e o companheirismo desinteressado e totalmente fiel é que me dão muito da alegria que eu tenho de viver...

Meu anjo bom, melhora logo!!!


Nós todos te amamos e precisamos muito de você...