segunda-feira, 17 de agosto de 2009

De frutos ao chão






Passamos pelas coisas sem as ver, gastos, como animais envelhecidos:se alguém chama por nós não respondemos, se alguém nos pede amor não estremecemos, como frutos de sombra sem sabor, vamos caindo ao chão, quase apodrecidos...

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Um gosto de vinho na boca e um coração apertado pelas batidas que não consegue controlar.

Não lembro exatamente quanto tempo passei adormecida, imersa em sentimentos tão profundos, que nem eu era capaz de alcançá-los. Corro desesperadamente das lembranças que trazem teu cheiro. Do teu toque que me cala a alma e dos teus beijos que me roubam as palavras - ficaram os sonhos a me embalar na noite em espera. E se minto tão descaradamente aos teus olhos, é para que não percebas que eu me perdi na nossa própria e inocente brincadeira. Não quero que leia nos meus olhos o reflexo do nosso maior erro: o de atravessar a pequena linha que nos separava.

Quero que continues em mim não somente como a fé nos desesperados, mas como a descrença nos que em nada acreditam e nada esperam.

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Desejo que um dia me perdoes, mas não posso calar isso que rasga e atravessa o meu peito.
Vivo em escuridão da alma, e o coração pulsando sôfrego pelas futuras batidas que não podem parar.

Clarice Lispector

6 comentários:

  1. Minha nossa!!!! Que fantástico. Sabes o qnt admiro Clarice, né? Passa disso! Sabe de qual livro é esse trecho, querida?

    Meu beijo

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  2. Essas imagens, essas palavras, essa Clarice!
    Reconstruímos o mundo cada vez que juntamos com tanto primor o que nunca se imaginou reunido! Beijos

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  3. Lindo: o texto, Clarice.....voce.
    bj uma noite tranquila!

    Ops: Layout do blog, acima ao lado esquerdo do meu blog, clic no link blog stuff.
    Divirta-se........bj

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  4. "Permita que eu feche os meus olhos,
    pois é muito longe e tão tarde!
    Pensei que era apenas demora,
    e cantando pus-me a esperar-te.
    Permita que agora emudeça:
    que me conforme em ser sozinho.
    Há uma doce luz no silencio,e a dor é de origem divina.
    Permita que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo,
    e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo"

    Cecília Meireles

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