terça-feira, 8 de maio de 2012

"De visibilidades"

“Em todas as idas e vindas, obscuramente eu sempre sabia: embora tudo mude, nada muda por que tudo permance aqui dentro, e fala comigo, e me segura no colo quando eu mesma não consigo sustentar… E depois me solta de novo, para que eu volte a andar pelos meus próprios pés. A “vida” é mãe nem sempre carinhosa, mas tem uma vara de condão especial: o mistério com que embrulha todas as coisas, e algumas deixa invisíveis…”

quinta-feira, 15 de março de 2012


" Passai frouxos. Passai radicais do pouco! Deixem-me respirar! Abram todas as janelas. Abram mais janelas do que todas as janelas que há no mundo. E o mundo quer a inteligência nova. a sensibilidade nova. O mundo tem sede de que se crie. O que aí está a apodrecer a vida, quando muito, é estrume para o futuro. O que aí está não pode durar porque não é nada. Eu, da raça dos navegadores, afirmo que não pode durar! Eu, da raça dos descobridores, desprezo o que seja menos que descobrir o mundo novo. Proclamo isso bem alto, braços erguidos, fitando o Atlântico, e saudando abstratamente o infinito." F.Pessoa como: Álvaro de Campos.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

SOBRE A DEPENDÊNCIA DIGITAL

publicado por Larissa Caramel em 09 de janeiro de 2012 às 22:22
Sobre mim, sobre você.
Sobre nós e esta tela de vidro,
e sobre os circuitos que nos conectam.
Pois ninguém tem versão 2.0 nessa vida.
Um belo dia, a realidade bate à porta.
E o mundo real não aceita Ctrl+Z.


moth.jpg
A tecnologia é um dos motores da impessoalidade imperante.
Nossas relações são dependentes de recursos abstratos.
Construímos ideais em universos artificiais,
em busca de atenção fria, estática, superficial.
Alimentamos o isolamento coletivo.
Trocamos sonhos por televisão.
Sorrisos e vozes por caracteres especiais e cliques.
Borboletas no estômago por janelas em messengers.
Olhares por ondas eletromagnéticas.
Há um retrocesso expressivo em andamento.
Vivemos hipnotizados por vidros brilhantes,
tal qual mariposas desviadas do curso.
Horas sem falar, ouvir, sorrir, lamentar.
Sem notar o caminhar do dia e o anoitecer.
Sem ver raios, trovões e tempestades,
ou aproveitar o sol confortável de tardes preguiçosas.
Desligando as luzes, estamos míopes e sozinhos.
Não que a tecnologia seja a vilã de nossa era.
O cuidado é para não sermos reféns de nossas criações.
Quem sabe viver um dia inteiro com eletrônicos desligados.
Dar espaço para o tédio, para o pensamento, para a busca.
Acompanhar os minutos e ver como nos sobra tempo.
Precisamos levar um choque de realidade,
tal qual esquizofrênico ao confrontar a ilusão.
Ter coragem de mostrar quem somos em carne e osso,
sem pixels, códigos binários e correções intangíveis.




Aliás, bem vindo ao meu primeiro rabisco digital.
E eu também estou há horas em frente ao monitor.
E a dona esquizofrenia está tentando roubar minha cadeira.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

'Sinceras mentiras"



- O amor desapareceu, Mítia - continuou ela-, mas o passado é-medolorosamente querido. Fica-o sabendo para sempre. Agora, por um instante, o que teria podido ser- murmurou ela, com um sorriso crispado, fixando-o de novo com alegria. – Agora, amamos cada um para nosso lado, no entanto, amar-te-ei sempre, e tu também sabia-lo? Ouve, ama-me, ama-me toda a tua vida!- suspirou ela, com uma voz trêmula em que havia leve tom de ameaça.


- Sim, eu te amarei e...Sabes, Cátia - disse Mítia, parando a cada palavra - toda a minha vida! Será assim, para todo o sempre.


Assim trocaram eles essas frases quase absurdas e exaltadas, mentirosas, talvez, mas eram sinceros e tinham em si uma confiança absoluta.




Dostoievski

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

De retornos


Se, depois de eu morrer...
Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas --- a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.

Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as coisas sem setimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.


                                         Alberto Caeiro

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

"Umas tres páginas"

Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu-os logo, devagar, e ficamos a olhar um para o outro… Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não falamos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas as quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o adolescente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar”.
. Machado de Assis in Dom Casmurro .

terça-feira, 21 de setembro de 2010






"Se náo sais de ti, não chegas a saber quem és"

sexta-feira, 7 de maio de 2010

De procuras



Todo mundo, de alguma forma, está procurando por alguma coisa. Não importa o que, nem onde e nem como. Apenas procuram. Procuram pelo emprego dos sonhos, pelo livro inesquecível, pelos amigos distantes. Procuram pelos anéis perdidos, pelas meias preferidas, pela agenda de telefones.

Mas a maioria das pessoas procura por algo mais simples na sua essência, maior em seus efeitos, devastador em suas consequências. Procuramos, sim, pelo amor.
Se você acha que esse é o problema, triste engano. As coisas não são tão complicadas assim, porque quando você está disposto a encontrar alguma coisa, inevitavelmente, encontra.
Ou ela encontra você.

E assim que o amor chega, se instala, pede abrigo e, de repente, faz você acreditar que a procura simplesmente teve um fim.

O fato é que a gente nunca termina de procurar. Só assim descobrimos que nossa busca não é pelo amor, mas pela necessidade de não deixá-lo ir embora. Procuramos uma forma desse amor nunca acabar, de não se esgotar, nem se cansar, de nunca partir e, pelo visto, continuaremos a procurar.







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quinta-feira, 29 de abril de 2010

De urgencias...




É urgente o amor.

É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,

ódio, solidão e crueldade,

alguns lamentos, muitas espadas.

É urgente inventar alegria,

multiplicar os beijos, as searas,

é urgente descobrir rosas e rios

e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz

impura, até doer.

É urgente o amor,

é urgente permanecer.




Eugénio de Andrade

quarta-feira, 24 de março de 2010

Quilate


"Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro, o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui, eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou porta bandeira de mim
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular..."

Infinito particular - Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos Brown




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sábado, 20 de março de 2010

Do que tinha que ser

... E é assim que eu me sinto e quero que todos vocês saibam.




Porque no final da história, tudo está como tinha que ser!
Apesar de todo choro e ranger de dentes.
Estava com muita saudades desse cantinho, mas agora já tô voltando...
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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

De metamorfoses




..."Todo conflito é um estado, e todo estado ;e um tempo nescessário de se fazer algo, e em alguns momentos de não se fazer nada, exatamente nada de algo.
Porque por vezes, é preciso parar. Parar de pensar, parar de mover, parar de ter de ser e também parar de morrer. Faz parte da vida o repouso; faz parte da força o descanso; faz parte do tempo o acordo; da doença, o consentimento; faz parte do dia a tarde e as suas seis horas.
O entremeio da tarde e da noite. Quando o vento cessa seu sopro, os bichos procuram suas moradas e outros trocam de turno.

Porém, nesses sessenta segundos de entremeio, a vida suspende-se por um fio.
Cessa a sua própria respiração. E um quê de aflito perpassa a alma humana, que retorce e se paralisa em suas entranhas.

Assim são os momentos das grandes mudanças de estados atmosféricos, psiquicos e sentimentais. Por um segundo pára-se um ciclo e se começa outro.
É assim que entram nos homens as transformações e as suas diferenças.
Por um paralisar de engrenagens, mudam-se os rumos e faz-se um

tempo novo, orvalhado.
Pisa-se num outro quadrado e se redesenha-se toda uma vida..."







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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Haití











J
á fui criança e a minha pobreza não está no meu corpo e nem na minha alma, porém,
... no seu abandono .









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domingo, 3 de janeiro de 2010

Sobre a gente






...
Cada um é muita gente.
Para mim sou quem me penso,
Para outros - cada um sente
O que julga, e é um erro imenso.

Ah, deixem-me sossegar.
Não me sonhem nem me outrem.
Se eu não me quero encontrar,
Quererei que outros me encontrem?













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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

De esperanças


"Escolham o céu, levantem vôo, abram suas asas.Confiem na vida, mudem o tempo.Com a força bruta de quem percebe as dores de dentro.Escrevam histórias, procurem o bem nas pessoas,escutem as almas,acreditem em flores."
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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

De Ilusões

Photobucket
Carol Watson

Saber não ter ilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos.




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sábado, 5 de dezembro de 2009

De Ensaios

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Não escrevo o real. Nem tudo que se faz em palavras foi vivido. Tornar o real imaginável. Às vezes fica difícil separar o que me pertence e o que foi criado. Mas não quero uma verdade inventada. Não quero uma vida de palavras vazias que preenchem o espaço que eu mesma deixei. Quero a vida, justa ou não. Quero o caos, a turbulência, a dor. Quero o medo, quero a paz, o amor. Não quero transformar em vida o que foi palavra. Mas escrever em memórias as histórias que ensaiei.









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domingo, 22 de novembro de 2009

De espaços vazios





Tinha ela uma dor no peito constante, perene. Era acometida todas as noites, na hora em que mais precisava descansar. Os comandos do cérebro sobre o corpo, sobretudo o das suas pernas, eram dissonantes aos do coração, carente como criança assustada. Queixava-se a moça o tempo todo de uma ausência por ela própria sentida, uma mistura de oco, buraco no peito, saudade-de-não-sei-o-quê. Ou seria uma presença por ela imaginada? Que na verdade nunca existira? A dúvida rolava cama adentro, coração aos sobressaltos agravados por aquele ponteiro do relógio que nunca fora seu cúmplice. De concreto mesmo, só a imagem da falta. Porque ela mesma, (a falta) , nunca fora vista de fato, de corpo presente em seu quarto, tangível aos olhos, às mãos, silhueta exposta, à sua boca com sede de outra. Como será que então ela consegue soluçar por aquilo que nunca teve? Era tão absoluta a certeza que havia nascido para aquele sentimento! São as coisas do coração, disse certo dia uma amiga e confidente. Mentira. São coisas da cabeça dessa moça, ainda afoita por não conseguir diagnosticar sua doença diária: o amor.
Sim, aquele de espécie urgentíssima, patológica, viral, cego de nascença, aquele que não pondera, não se mede, que jamais pensa. Simplesmente se autocondecora e intitula-se digno e nobre só pelo fato de no mundo existir.
Mentira. Nobre é reconhecer seu papel - e ele, esse amor, é tão soberbo ao ponto de não se deixar diminuir diante do seu real tamanho. Invade a fronteira do real e do improvável vestindo o véu pontilhado do imaginário. E surge assim como um príncipe; rosas vermelhas em punho. Dá para acreditar nele? Ela diz que sim. Efeito da
doença tão mesquinha que deu no coração dessa moça, que deixou os batimentos que moravam no seu peito iguais aos do cursar do dia. No máximo, sentia uma pontada, tal qual um punhal cravado que insistia em lembrá-la a tal falta daquilo que nunca tivera na vida. A dor mesmo se revezava entre a direita e a esquerda da cama. Era a procura, no fundo, daquilo que ela ainda não teve, mas que a noite e o perfume emanado das flores dormindo permitiam-lhe sonhar um dia lhe pertencer.




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terça-feira, 10 de novembro de 2009

De chuvas por dentro






[...]
" Então finalmente começou a chover.

Antes uma chuva rala, depois tão densa que fazia barulho em todos os telhados.

Já sei, pensou de repente.Soube que estava procurando na chuva uma alegria tão grande que se tornasse aguda, e que a pusesse em contato com uma agudez que se parecia com a acidez da dor.
Mas fora inútil a procura. Estava à porta do terraço e só acontecia isto:
Ela via a chuva e a chuva caía de acordo com ela.
Ela e a chuva estavam preocupadas em cair com violência."





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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

"Sobre trens, sobre vida..."



Tenho andado pouco por aqui.
Porém jamais me esqueço dos momentos únicos lendo amigos e pensando palavras e emoções
para deixar um rastro do que sou e sinto. É que nesse momento a vida tem me pedido muito. Muita luta, muita dedicação, muita paciência, muita insistência e persistencia... às vezes eu [ quase] acho que ela quer minha teimosia.
Bem que ela poderia ser mais amena, deixar passar algumas coisas, detalhes...
...Sem ter que me pedir pra provar o tempo todo se eu quero mesmo, se acredito, ou mereço...
(?)
Mas ela não quer ser suave, condescendente com nada.

Quer meus minutos diários, numa luta quase insana.

Por isso poucas visitas a vocês ou momentos de leitura. O tempo que sobra é de fechar os olhos e sonhar que vai passar, já vai passar...
O trem segue na trilha que "ela" escolhe, que "ela" determina.

Mas há de chegar onde eu quero, ah se vai... (vou aproveitar que estou aqui e lhes contar um segredo:)
Ela não sabe que eu tenho um pacto com o maquinista...
E vocês, por favor... não digam nada à ela, silêncio!

Afinal, de que lado estão?






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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Nem sempre é só easy...






Deixe que diga o tempo...
Pois, só ele, mudamente surdo, é o único que, sem dizer nada diz tudo!









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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Onde tudo seria bom

"...Às lágrimas sucedia-se, acompanhando os olhos inchados, um estado de suave convalescença, de aquiescência a tudo. Surpreendia a todos com sua doçura e transparência e, ainda mais, forçava uma leveza de passarinho. Dava esmolas a todos os pobres, com a graça de quem joga flores.
De outras vezes, enchia-se de força. Seu olhar tornava-se duro como aço, áspero como espinhos. Sentia que “podia”. Fora feita para “libertar”.
“Libertar” era uma palavra imensa, cheia de mistérios e dores. Como fora amena há dias, quando se destinava a outro papel? Outro, qual? Tudo era confuso e só se exprimia bem na palavra “liberdade” e nos passos pesados e firmes, no rosto fechado que adotava. À noite não dormia até que os galos longínquos começassem a cantar.
Não pensava, propriamente. Sonhava acordada. Imaginava um futuro em que, audaciosa e fria, conduziria uma multidão de homens e mulheres, cheios de fé quase a adorá-la. Depois, pelo meio da noite, deslizava para uma meia inconsciência, onde tudo era bom..."







terça-feira, 22 de setembro de 2009

Das Chagas







O medo de mostrar suas dores era tão grande que ela, desde cedo, tratou de escondê-las com uma aparente calmaria. Todo dia, antes de sair para o mundo, ela se vestia com uma tranqüilidade que, a princípio, não a pertencia de todo. Foi moldada para exatamente não revelar as chagas que a corroiam por dentro. Não queria ser vista com olhos de piedade,de comiseração, de condescendência . Queria mesmo era ser feliz, mesmo a custo de um esforço incalculável em tentar minimizar o trânsito de sentimentos e frustrações que por dentro dela circulava. Mas coisa ou outra não dava para escapar do seu controle. Eram as nuances que poucos se atinham a perceber: um olhar esquivo, a voz encolhida, o desenho da ruga. E assim, paramentada de sensações construídas, ela seguiu a vida inventando sua personalidade. Até se dar conta de que, para aliviar as feridas com o bálsamo necessário, a menina tinha que se despir. Mesmo que o espelho não hesitasse em refletir sua dor maior: a de ver realmente quem se é.
Fazia tempo que ela não se atentava para isso. Estava entorpecida pela própria invenção de ser o que ela na verdade nunca fora.




domingo, 20 de setembro de 2009

Eu que também sou Ela








Dentro de mim moram muitas. Inquilinas, vitalícias, turistas de veraneio. São diferentes mulheres que buscam a harmonia nas várias possibilidades de ser eu. Uma delas, no entanto, é residente fixa: uma menina de tranças que fixou moradia bem atrás dos meus olhos. Ela completa o giro da visão, sem ao menos me enviar uma imagem sequer do que é visto por ela. Na verdade, eu nem deveria estar revelando agora onde ela mora – como toda mulher precavida, a moça prefere valer por duas mantendo o sigilo e a discrição. Segue fazendo sentinela em silêncio sem distinguir o dia e a noite. Por quê? Ela simplesmente controla o tempo que se manifesta em mim. Se eu moro depois das tempestades, ela certamente está acima de qualquer nuvem. Em tempos imemoriais, sei que esta menina brigou muito para hoje brilhar mais forte no céu montado sobre minha cabeça. Ela é meu altar, meus melhores esboços e todo o desenho da aquarela das minhas possibilidades. Tenho o prazer de apresentá-los: eis a minha desconfiança.



E também a minha força.





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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

De esperanças













Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê;
Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei o quê que nasce não sei de onde,
Vem não sei como, e dói não sei porque.

Camões





Eu fecho os olhos e não consigo mais ver estrelas. Uma fome que não sacia, sabe? Essa fome de tudo que eu nem sei ainda acabará comigo.




E eu acho lindo padecer de um mal que é um coração faminto de coisas

e de pessoas.


A esperança é um filho ainda não nascido, só prometido; e é disso que me alimento e me sustento todos os dias







sexta-feira, 11 de setembro de 2009

De Ensaios

Não escrevo o real. Nem tudo que se faz em palavras foi vivido. Tornar o real imaginável. Às vezes fica difícil separar o que me pertence e o que foi criado. Mas não quero uma verdade inventada. Não quero uma vida de palavras vazias que preenchem o espaço que eu mesma deixei. Quero a vida, justa ou não. Quero o caos, a turbulência, a dor. Quero o medo, quero a paz, o amor. Não quero transformar em vida o que foi palavra. Mas escrever em memórias as histórias que ensaiei.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

De segredos










as melhores palavras aparecem quando estou na janela do carro. são pensamentos que se perdem pra sempre. mas isso não seria resolvido com um lápis e caneta na bolsa. eu gosto de deixá-los em mim, como uma espécie de segredo...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Do dia a dia...




"A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
E é difícil explicar a alguém o quanto isso me alegra,
E o quanto isso me basta"


[ainda Fernando Pessoa]