domingo, 20 de setembro de 2009

Eu que também sou Ela








Dentro de mim moram muitas. Inquilinas, vitalícias, turistas de veraneio. São diferentes mulheres que buscam a harmonia nas várias possibilidades de ser eu. Uma delas, no entanto, é residente fixa: uma menina de tranças que fixou moradia bem atrás dos meus olhos. Ela completa o giro da visão, sem ao menos me enviar uma imagem sequer do que é visto por ela. Na verdade, eu nem deveria estar revelando agora onde ela mora – como toda mulher precavida, a moça prefere valer por duas mantendo o sigilo e a discrição. Segue fazendo sentinela em silêncio sem distinguir o dia e a noite. Por quê? Ela simplesmente controla o tempo que se manifesta em mim. Se eu moro depois das tempestades, ela certamente está acima de qualquer nuvem. Em tempos imemoriais, sei que esta menina brigou muito para hoje brilhar mais forte no céu montado sobre minha cabeça. Ela é meu altar, meus melhores esboços e todo o desenho da aquarela das minhas possibilidades. Tenho o prazer de apresentá-los: eis a minha desconfiança.



E também a minha força.





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5 comentários:

  1. Nossa, como eu gostei disso! Dizem que a desconfiança é um dos males de ser adulto, mas por vezes creio ser a maior dádiva de o ser. É ela que previne, não evita às vezes, é verdade. Mas traz a cautela necessária. Fantástica analogia!

    Meu beijo

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  2. Que maneira delicada de expressar sobre a desconfiança e a força. Adorei o texto.
    Bj e tudo de lindo prá voce Andréa
    MK

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  3. A desconfiança sempre fortifica a força dentro de nós. Que texto lindo.

    Beijo grande, menina linda.

    Rebeca

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  4. Em mim também encontro muitas, gosto e desgosto de algumas em determinados momentos, inclusive da residente fixa! rsrr
    Beijos.

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