segunda-feira, 29 de junho de 2009



"Vai passar, tu sabes
que vai passar.
Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez".
Caio Fernando Abreu

"E ela recomeçou a chorar. Abracei-a como se abraça um filho, e no meio de seu choro incontido me perguntou: - Não vai me perguntar porque choro? - Não - respondi, acariciando seus cabelos - As lágrimas além de molharem o seu rosto também ajuda a lavar a tua alma. Ela levantou a cabeça em meio aos soluços e olhou para mim sem saber o que dizer, mas percebeu que eu sabia muito mais do que ela imaginava."


Carl H. Dufresne



"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou anets de um exaltado, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não sente bem onde está, que tem saudade... sei lá de quê!"

Florbela Espanca

sábado, 27 de junho de 2009





"N
ao chore ainda não, que eu tenho um violão e nós vamos cantar.
Felicidade aqui pode passar e ouvir:
E se ela for de samba há de querer ficar..."

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Nunca se esqueça nenhum segundo, eu tenho o amor maior do mundo...





















"O que te posso dar é mais que tudo o que perdi: dou-te os meus ganhos. A maturidade que consegue rir quando em outros tempos choraria, busca te apontar alguns caminhos. Posso dar-te muito mais do que beleza e juventude agora: esses dourados anos me ensinaram a amar melhor, com mais paciência e não menos ardor, a entender-te se precisas, a aguardar-te quando vais, a dar-te colo de amiga, e sobretudo força — que vem do aprendizado. Isso posso te dar: um mar antigo e confiável cujas marés — mesmo se fogem — retornam, cujas correntes ocultas não levam destroços nem os sonhos intermináveis das sereias."
Filha, você é a parte mais importante de mim...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Te amo por sombrancelha, por cabelo,
te debato em corredores branquíssimos
onde se jogam as fontes de luz,
te discuto em cada nome, te arranco
com delicadeza de cicatriz,
vou pondo em teu cabelo cinzas de
relâmpago e fitas que
dormiam na chuva.
Não quero que tenhas uma forma, que sejas
precisamente o que
vem atrás da tua mão,
porque a água, considera a água,
e os leões quando se dissolvem
no açúcar da fábula,
e os gestos, essa arquitetura do nada,
acendendo suas lâmpadas no meio do encontro.
Todo amanhã é o quadro onde te
invento e te desenho,
disposto a te apagar, assim não és,
muito menos com esse cabelo liso,
esse sorriso.
Busco tua soma, a borda da taça onde o
vinho é também a lua e o espelho,
busco essa linha que faz o homem tremer
numa galeria de museu.
Além do mais te amo, e faz tempo e
frio.

Julio Cortázar

sexta-feira, 19 de junho de 2009

De milagres diários

















Nós, os que escrevemos, temos na palavra humana, escrita ou falada, grande mistério que não quero desvendar com o meu raciocínio que é frio. Tenho que não indagar do mistério para não trair o milagre. Quem escreve ou pinta ou ensina ou dança ou faz cálculos em termos de matemática, faz milagre todos os dias. É uma grande aventura e exige muita coragem e devoção e muita humildade. Meu forte não é a humildade em viver. Mas ao escrever sou fatalmente humilde. Embora com limites. Pois no dia em que eu perder dentro de mim a minha própria importância - tudo estará perdido.

Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Das vontades








"C
arrego comigo essa vontade desde menina, deitada às margens dos rios, olhando suas águas descerem lentamente em direção ao mar.
Meu pai sabia que meu olhar perdido logo atiçaria minhas vontades.
Ele sempre dizia que as mulheres eram feito o mar: ‘Mudam conforme a lua e o vento é capaz de transformá-las’.
E assim eu era, como as águas das chuvas que desciam pela vidraça de minha casa, assim como as enxurradas que passavam em frente ao meu portão e se encaminhavam para o rio e logo em seguida o mar.
Por isso a minha vontade, ainda menina, era ser chuva."

Mostra Fotográfica em homenagem a Frans Krajcberg



quinta-feira, 4 de junho de 2009

"A Cata Branca de Frans Krajcberg"


Ando meio sumida.
Esta semana, na sexta feira 05 de junho inauguro a exposição
"A Cata Branca de Frans Krajcberg"que mostra o trabalho dele
na época em que morou aqui em Itabirito.
São dezessete fotos e entre elas sete que ele mesmo me enviou muito carinhosamente.
Tô na pilha, naturalmente...
...mas feliz de poder deixar esse registro na memória das pessoas a magnitude da natureza atravéz do olhos dêle.
Depois, claro... posts das fotos e da mostra!!!