
Escreverei aqui em direção ao ar e sem resposta a nada pois sou livre.
Eu - que existo. Existe uma volúpia em ser gente.
Não sou mais silêncio. Sinto-me tão impotente ao viver -
vida que resume todos os contrários díspares e desafinados
numa única e feroz atitude: a raiva.
Cheguei infinitamente ao nada. E na minha satisfação de ter
alcançado em mim o mínimo de existência, apenas a necessária respiração - então estou livre.
Só me resta inventar. Mas aviso-me logo: eu sou incômodo.
Incômodo para mim mesmo.
Sinto-me desconfortável nesse corpo que é bagagem minha.
Não sou mais silêncio. Sinto-me tão impotente ao viver -
vida que resume todos os contrários díspares e desafinados
numa única e feroz atitude: a raiva.
Cheguei infinitamente ao nada. E na minha satisfação de ter
alcançado em mim o mínimo de existência, apenas a necessária respiração - então estou livre.
Só me resta inventar. Mas aviso-me logo: eu sou incômodo.
Incômodo para mim mesmo.
Sinto-me desconfortável nesse corpo que é bagagem minha.
Clarice Lispector
Eu sou nostálgica demais, pareço ter perdido uma coisa
que não se sabe onde e quando
PRESENÇA
ResponderExcluirÉ preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
Mario Quintana
Nostalgia bonita esta tua, que vira poesia! Haverás de encontrar o que não se sabe.
ResponderExcluirGosto muito daqui =D
Meu beijo
Assim é quando chovemos.
ResponderExcluirbj Andréa.