"Não entender era tão vasto que ultrapassava qualquer "entender".
Entender era simples e limitado. Mas não entender não tinha fronteiras e levava ao infinito,
a Deus...
...Não era um não-entender como um simples de espírito.
O bom era ter uma inteligência e não entender.
Era uma benção estranha como a de ter uma loucura sem ser doida.Era um desinteresse manso
em releção às coisas do intelecto, uma doçura de estupidez.
Mas de vez em quando vinha a inquietação insuportável: queria entender o suficiente para ao menos ter consciência daquilo que ela não entendia.
Embora no fundo não quisesse compreender.
Sabia que aquilo era impossível e todas as vezes que pensara que se compreendera era por ter compreendido errado.
Compreender era sempre um erro - preferia a larguesa tão ampla e livre e sem erros que era não-entender. Era ruim, mas pelo menos se sabia que estava em plena condição humana.
No entanto às vezes adivinhava.
Eram manchas cósmicas que substituiam entender"
Clarice lispector in "Um aprendizado ou o Livro dos Prazeres
Decisão
Há 8 meses
Nenhum comentário:
Postar um comentário