segunda-feira, 18 de maio de 2009

Dos sonhos







Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo doeu-me onde antes os teus dedos foram aves de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.

No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração que era o resto da vida - como um peixe respira na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida
foram os gestos contundentes:
tudo o que vem de ti é um poema.
C
ontudo, ao acordar, a
solidão sulcara um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos, mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.

Maria do Rosário Pedreira

2 comentários:

  1. Que texto lindo... Tavas demorando a expressar-te mas quando vem veio com tudo MARAVILHA!!! Olha que belo...

    Entre o luar e o arvoredo

    Entre o luar e o arvoredo,
    Entre o desejo e não pensar
    Meu ser secreto vai a medo
    Entre o arvoredo e o luar.
    Tudo é longínquo, tudo é enredo.
    Tudo é não ter nem encontrar.
    Entre o que a brisa traz e a hora,
    Entre o que foi e o que a alma faz,
    Meu ser oculto já não chora
    Entre a hora e o que a brisa traz.
    Tudo não foi, tudo se ignora.
    Tudo em silêncio se desfaz.
    Fernando pessoa

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  2. Ai, me emocionou!
    Posso postar qualquer dia destes?
    Amo qdo vens...

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