segunda-feira, 13 de abril de 2009

Entrou. Ela trazia vestido o cansaço de tantos e tantos dias iguais. Tentou dias a fim o penteado ideal que o vento insistia agora em estragar… o mesmo vento que prendeu as flores e não deixou ainda que a Primavera as trouxesse. O silêncio que a inundou lá dentro era o mesmo que ficou preso lá fora. Tossiu. Seria o silêncio preso na garganta? No mesmo lugar de sempre, o mesmo coração, a covardia colada ao corpo, entre rostos que não passam de pedaços mortos em corpos apagados, os olhos escurecidos pela rotina que os espera lá fora. Ela era, então, mais um corpo sem luz, perdida entre o luar da noite e o sol do dia. Lá dentro, os olhos não encontravam o céu azul, havia apenas o Todo-Poderoso pregado lá em cima, pedaço de pedra contra a madeira da cruz. Talvez não encontrasse nenhum consolo naquele lugar, mas insistia em procurá-lo.
Debaixo da pele, da carne, dos ossos, o nome dele rompe as veias.
E ele não vem.
E ele tem que vir.
E ela quer, mas não pode, não grita, não vai.

Um comentário:

  1. O silêncio, a rotina, o grito que não sai, a busca insessante...
    Triste e lindo. Da vontade de arrancar sua personagem desse lugar, dessa insatisfação. Mas todos estamos presos às nossas também e isso nos imobiliza!
    Lindo, lindo!
    Beijos

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