sexta-feira, 24 de abril de 2009

Das marés:

Ali estava o mar
A mais ininteligível das
existências não humanas.
E ali estava a mulher.
O mais ininteligível dos seres vivos.
Ela e o mar.
Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entrega-se ao outro: a entrega de dois mundos incognossíveis feita com a confiança com se entregariam duas compreensões.
Ela olhava o mar e era o que podia fazer.
Ele só era delimitado pela linha do horizonte, pela incapacidade humana de ver a curvatura da terra.
Porque ele é o mistério vivo que não se indaga. Ela hesita porque quer penetrar no mar. Seu corpo se consola diante da sua pequeneza
perto da imensidão do mar. Seu corpo que é quente e delimitado.
E é exatamente por isso que ele a torna pobre e livre, com sua parte de liberdade estática nessa pedra.
O corpo dela entrará no ilimitado frio que sem nenhuma raiva ruge no silencio das marés.

2 comentários:

  1. Carta ao Mar

    Deixa escrever-te, verde mar antigo,
    Largo Oceano, velho deus limoso,
    Coração sempre lírico, choroso,
    E terno visionário, meu amigo!

    Das bandas do poente lamentoso
    Quando o vermelho sol vai ter contigo,
    - Nada é mais grande, nobre e doloroso,
    Do que tu, - vasto e úmido jazigo!

    Nada é mais triste, trágico e profundo!
    Ninguém te vence ou te venceu no mundo!...
    Mas também, quem te pode consolar?!

    Tu és Força, Arte, Amor, por excelência! -
    E, com tudo, ouve-o aqui, em confidencia;
    - A Musica é mais triste inda que o Mar!

    António Gomes Leal

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  2. A propósito, belas fotos!!!

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