
A mais ininteligível das existências não humanas.
E ali estava a mulher.
O mais ininteligível dos seres vivos.
Ela e o mar.
Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entrega-se ao outro: a entrega de dois mundos incognossíveis feita com a confiança com se entregariam duas compreensões.
Ela olhava o mar e era o que podia fazer.
Ele só era delimitado pela linha do horizonte, pela incapacidade humana de ver a curvatura da terra.
Porque ele é o mistério vivo que não se indaga. Ela hesita porque quer penetrar no mar. Seu corpo se consola diante da sua pequeneza
perto da imensidão do mar. Seu corpo que é quente e delimitado.
E é exatamente por isso que ele a torna pobre e livre, com sua parte de liberdade estática nessa pedra.
O corpo dela entrará no ilimitado frio que sem nenhuma raiva ruge no silencio das marés.
Carta ao Mar
ResponderExcluirDeixa escrever-te, verde mar antigo,
Largo Oceano, velho deus limoso,
Coração sempre lírico, choroso,
E terno visionário, meu amigo!
Das bandas do poente lamentoso
Quando o vermelho sol vai ter contigo,
- Nada é mais grande, nobre e doloroso,
Do que tu, - vasto e úmido jazigo!
Nada é mais triste, trágico e profundo!
Ninguém te vence ou te venceu no mundo!...
Mas também, quem te pode consolar?!
Tu és Força, Arte, Amor, por excelência! -
E, com tudo, ouve-o aqui, em confidencia;
- A Musica é mais triste inda que o Mar!
António Gomes Leal
A propósito, belas fotos!!!
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